domingo, 26 de maio de 2013

Charme do Rio Vermelho e seus elementos culturais

Blog Salvador em um dia
Jorge Amado e Zélia Gattai: ponto obrigatório para fotos dos visitantes

Mais uma vez o Rio Vermelho. Ter a obrigação de ir a este bairro todos os sábados pela manhã passa longe de ser uma tarefa "pesada". Ao contrário, sempre haverá uma novidade a saber, ver e, posteriormente, contar. O bairro ganhou recentemente um novo boteco, restaurante e café (o Red River) de luxo e continua sendo uma das boas opções de vida noturna e cultural da capital baiana. Na mais recente passagem, neste sábado, 25, para a aula de espanhol no Instituto Caballeros de Santiago, também encontrei a arte de Leonel Mattos, imóveis restaurados, estudantes valorizando a cultura da terra...


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Largo de Santana, onde fervilha parte da vida noturna, e o casarão antes da pintura

Na saída da aula, caminhando, fiz uma parada para fotografar o Casarão da Família Taboada. Acompanho a obra desde o início, com a curiosidade de saber a destinação. Ele pode ser visto logo atrás da estátua 'siamesa' de Jorge, Zélia e o adorável pug Fadul, no Largo de Santana.

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Igrejas de Santana: a velha, no largo, e a nova, lá ao lado da Casa do Peso

O casarão faz parte da história do bairro, dos dois escritores e do artista plástico Carybé, que ali tinha, no primeiro andar, moradia e ateliê nos idos dos anos 50/60 do século XX. Foi ele quem inspirou o famoso casal a escolher o bairro como moradia em Salvador, após as muitas visitas ao amigo. Está contado no livro A Casa do Rio Vermelho (1999), de Zélia Gattai.

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Quase pronto: casarão que teve ateliê de Carybé no primeiro andar

Está lindo, quase pronto. Mereceu duas fotos. Sempre torço para que os imóveis históricos sejam preservados, o que torna os bairros mais bonitos e charmosos. Voltemos à caminhada...

Durante a aula, o som de fogos de artifício pipocando para além da janela, prenunciava outra novidade. Era a festa de entrega de (mais um) presente a Iemanjá por devotos de um terreiro do bairro do Castelo Branco. Não consegui fazer fotos. Só tive tempo de saber o que era, por filho-de-santo, já na porta do ônibus, que informou estarem voltando ao bairro de origem, após a obrigação, para continuar a festa.

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Painel da Casa do Peso e Enseada de Santana (ou Praia da Paciência) ao lado 

A Casa do Peso (nome recebido porque em 1919 era onde os pescadores pesavam e vendia o pescado) ou Casa de Iemanjá , a sede da Colônia de Pesca Z-1 e a enseada (Praia da Paciência) à sua frente são pontos de convergência dos terreiros de Candomblé de Salvador quando o tema é entrega de presentes ao mar.

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Poliana, Mayara, Isabela, Fernanda e Analy, do Colégio N.Sra. do Resgate

Ah, perdi mesmo...vi como a ialorixá estava bonita, nas vestes douradas e brancas de Oxum, dona do terreiro! E o séquito de filhos e filhas-de-santo, todos de branco. Em compensação, na Casa do Peso encontrei um grupo de estudantes em busca de fonte para um trabalho de escola sobre um tema muito interessante: o bairro do Rio Vermelho do ponto de vista da tradição oral. Precisavam entrevistar um pescador.

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Professor Paulo faz a foto da filha e colegas com o pescador entrevistado

Não foi difícil. Os pescadores estão sempre por ali, chegando ou saindo em suas embarcações. A enseada é linda, com os barcos ancorados, e merece muitas fotos. Não deixe de parar neste local. Acompanhadas do pai de uma delas, o professor de história Paulo, da rede municipal de Salvador e de Camaçari (cidade vizinha), acompanhava de longe o movimento das meninas, sem interferir. "O trabalho tem que partir delas. Apenas orientei para que pedissem autorização para usar a entrevista e as imagens", afirmou.

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Sugestão de leitura sobre Salvador: Jorge Amado, Dias Tavares e Antonio Rizério

Aproveitei para conversar sobre história da Bahia, que é o tema que estou lendo atualmente (em função de vocês, leitores do blog). Ah, vocês não sabem como é bom ler a história e pisar nos sítios que fazem parte dela! Lembrei das aulas "estéreis" da minha época de escola, quando ouvia sobre os fatos ocorridos em lugares distantes de onde estava e ficava imaginando como seriam estes lugares. Voltando ao Rio Vermelho...


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 Leonel Mattos: elementos culturais separam o café da Praia da Mariquita
Resolvi andar mais um pouco, até o Largo da Mariquita, que tem também o nome de Praça Cristóvão Colombo (deveria se chamar apenas Largo da Mariquita, pois os nomes escolhidos pelo povo sempre são mais interessantes, com o que concorda o escritor Jorge Amado em seu livro Guia de Ruas e Mistérios da Bahia de Todos os Santos, de 1944). Queria passar por ali e dar uma olhadinha na praia onde veio dar, após salvar-se de um naufrágio por volta de 1510 (o ano não é preciso), o português Diogo Álvarez Correia, o Caramuru, apelidado pelos índios tupinambás por estar coberto de limo e assemelhar-se, neste caso, ao peixe caramuru.

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No espaço da oficina, um conjunto com boteco, restaurante e café no red River

Ao passar por um imóvel, que antes era uma oficina de montagem de som de carro, outra boa surpresa: uma bela reforma o transformou em um conjunto de restaurante, café e boteco de luxo! O Red River Café, cujo boteco foi aberto oficialmente na noite de sábado, 25.

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Os painéis em acrílico de Leonel Mattos são atrações à parte na área do boteco

Ficou lindo, mas o que chamou realmente a atenção foi a arte de Leonel Mattos, na forma de painéis de acrílico vazado que, ao mesmo tempo em que deixam à mostra a Praia da Mariquita, tendo a foz do Rio Vermelho, o mar, as rochas e o Mercado do Rio Vermelho como paisagem, entregam à vista os temas do bairro! Belíssimo conjunto.

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O mercado do Rio Vermelho, no Largo da Mariquita, encerra o passeio

Mais adiante, o Mercado do Rio Vermelho, em pleno funcionamento, com seus bares-restaurantes onde fervilha parte da vida noturna de Salvador. Vale ressaltar que o Rio Vermelho é passagem "obrigatória" ao visitante. Na região onde está o Red River Café e o antigo Mercado há outras boas opções de restaurantes, bares, casas de show e os melhores acarajés da cidade.

No entorno há hotéis de luxo e pousadas charmosas, como a Catharina Paraguaçu, que ocupa outro dos casarões antigos do lugar. A Varanda do Sesi, também em casarão reformado, é um teatro que oferece programação cultural, assim como o Padaria Bar (já no Largo de Santana), com seus shows, entre outros. Se for citar tudo, não acabo hoje. Fico por aqui. Venham e tenham um bom passeio! (Fotos: silvianasci/salvadoremumdia)

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Um comentário:

Paulo Carlos disse...

Salvadoremumdia... Parece até poema, fantasia, dos mestres amados, sobre a Bahia... Deles, pergunto ao amado Jorge, Jorge Amado... Como seria possível mestre, Salvador em um dia??? Simples, ele diria, vem na fantasia dessa baiana linda, senhora das letras, soberana das palavras... Silvianasci... Agora sim, salvadoremumdia... Abs Silvia! Paulo.