terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Um passeio pelos posts de janeiro

rain rain rain

Acabou janeiro e o blog cumpriu, no seu primeiro mês de existência, a meta de um post por dia sobre tema de turismo em Salvador. Confesso que tem sido bastante agradável andar pela minha cidade, redescobrindo lugares pelos quais, muitas vezes, nós moradores passamos sem nos dar conta da beleza, da cultura, do pitoresco (adoro esta palavra).

Ainda tem muito o que mostrar e recortar em Salvador, mas vamos relembrar o que já contamos aqui...

Começamos a caminhada diária por ele, o Nosso Senhor do Bonfim, tema do primeiro post porque lá estava na última sexta-feira de 2010 vendo o burburinho de fiéis, turistas, vendedores, curiosos. E pela fitinha e sua curiosidade: é chamada também de medida porque media, quando criada, o tamanho do braço direito da imagem histórica do padroeiro do coração dos baianos.

Em seguida, mostramos um marco da mudança de feições arquitetônicas da nossa cidade quatrocentona (Salvador foi fundada em 29 de março de 1549, por Thomé de Souza, a terceira mais antiga do Brasil): a Casa do Comércio e sua estrutura arrojada em ferro e vidro.

Passamos pelas praças da Sé e Piedade, começamos a conhecer um pouco do artesanato da Bahia, mais Bonfim e fomos passear de buzu, que em bom baianês significa ônibus, inspirados pela música Chame Gente, de Moraes Moreira e Armandinho Macedo.

sun sun sun

Salvador em um dia foi criado para mostrar ao turista e, também, ao morador da cidade, o que fazer no dia a dia da capital baiana, recortando aqui e ali, uma atração, um museu, um prato, valorizando a simpatia de sua gente, o seu patrimônio histórico, suas praias, o carnaval, parques e por aí vai...

Nos dias de folga, terá aqui pelo menos uma foto-legenda com aspectos curiosos ou diferentes do que o turista está acostumado a ver sobre a cidade, dicas de bons restaurantes e sempre a bela arte. Além, é claro, de muitas fotos.

quando cai a tarde (2)

Divirta-se!






segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Mercado Modelo completa 100 anos em 2012


O dia 2 de fevereiro não é somente o dia de festa no mar, do Rio Vermelho, onde acontece a maior homenagem ao orixá (deusa do Candomblé) Iemanjá, em Salvador. Neste dia, a cidade também comemora os 100 anos de instituição do Mercado Modelo, um dos seus principais cartões-postais e passagem obrigatória a todos que visitam a capital baiana pela primeira vez. A data de comemoração é uma mistura do ano em que o mercado foi inaugurado (1912) e o dia e mês em que foi transferido definitivamente para um novo prédio (2 de fevereiro de 1971).

A construção do centro de abastecimento da Cidade da Bahia foi iniciada em 1911 e ocupava o espaço onde hoje temos a escultura-fonte dedicada ao povo de Salvador, obra do artista Mário Cravo Júnior. Fez parte do projeto de modernização do Porto de Salvador, instituído em 1906. A área pertencia ao antigo Arsenal da Marinha (hoje II Segundo Distrito Naval), que estava desativado desde 1899, e onde também funcionou a Escola de Aprendizes-Marinheiros da Bahia.


O primeiro mercado foi uma obra arrojada para a época, em estrutura metálica importada - a primeira construção neste estilo na cidade. Foi reformado em seguida, já que o povo não assimilou bem tamanha modernidade. O prédio da Terceira Alfândega de Salvador, que atualmente abriga o Mercado Modelo, data de 1854, mas somente definitivamente concluído em 1868.

"Em 1911, iniciou-se a construção do Mercado Modelo, no local atual escultura do artista plástico Mario Cravo Júnior, logo ao sul da Praça Cairu. Inaugurado em 1912, o novo Mercado estava construído de forma retangular, medindo 2.400 m² (40x60 metros). Para os padrões estéticos da época, o prédio consistia numa arquitetura bastante incomum, com a estrutura importada, totalmente metálica, circundada de marquises e cobertura de zinco, formada por três elementos distintos, proporcionando a ventilação natural. Tudo indica que essa construção foi a primeira a possuir completa estrutura metálica em Salvador."

A primeira reforma, para dar-lhe uma aparência mais ao gosto da população, aconteceu em 1915. Outras reformas viriam, por dos incêndios de 1917, 1922 e, finalmente, 1969, quando foi demolido. Dada a sua importância, em 2 de fevereiro de 1971 foi instalado no prédio da Terceira Casa da Alfândega, na Praça Cairu, onde está até hoje e embeleza as fotos dos milhões de turistas que visitam a cidade.

"Na ocasião, dois dos pontos mais famosos do antigo mercado - o restaurante de Maria de São Pedro e a barraca São Jorge do Camafeu de Oxossi, ganharam, por iniciativa de Jorge Amado e de Carybé, espaços privilegiados para instalação de restaurantes no primeiro andar do novo Mercado Modelo."

Em 10 de janeiro de 1984, sofre mais um incêndio. Passa por uma nova restauração, quando foi descoberto e aberto a visitação o subsolo. O centenário mercado de Salvador comercializa artesanato e produtos variados, além de ter restaurantes de culinária típica da Bahia. No local, o turista pode ver rodas de capoeira. Pertence à Prefeitura de Salvador e é administrado pela Saltur juntamente com a Associação dos Comerciantes do Mercado Modelo.


O Mercado Modelo fica na Cidade Baixa, na Praça Cairu, próximo ao porto, à marina, ao II Distrito Naval e estação de lanchas da Codeba. Nas proximidades há, como atração histórica, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, a rampa do mercado, onde atracavam os antigos saveiros e o Forte de São Marcelo, no mar, bem à frente. Horários de funcionamento: segunda a sábado, das 9h às 19h. Domingos e feriados, das 9h às 14h (restaurantes até 16h).

Fonte: leia aqui mais informações sobre a história do Mercado Modelo. E aguarde um passeio fotográfico para ver e saber o que o mercado tem!

domingo, 29 de janeiro de 2012

Os escombros e sorrisos de Bel Borba


Quem já viu aquela escultura de cachorro gigante em uma das laterais da antiga igrejinha no Largo de Santana, no Rio Vermelho? Pelas formas, um fox terrier. É dele. E figuras de largartos feitas com cacos de azulejos e cerâmicas coloridas espalhadas por aí? Também são dele. A revoada de pássaros em uma encosta? Dele.

Ele em questão é o artista plástico Bel Borba que enfeita a cidade há anos com suas intervenções artísticas. Tem uma história singular sobre o artista, da qual lembro e gosto muito. Ele contou em entrevista. Quem passava de ônibus por uma avenida, nas imediações do Rio Vermelho, viu surgir, de um dia pra outro, misteriosamente esculpido no barranco, um enorme lagarto. Bel Borba contou que foi fruto de uma espera em engarrafamento. O carro parado, um amigo na direção e, para passar o tempo, com a inquietação de artista, saltou do veículo e foi esculpir. O que tinha à mão era uma chave e como matéria prima, o barranco. Ficou tão entretido e entusiasmado com o trabalho que não quis parar de fazê-lo, mesmo quando o engarrafamento começou a diminuir.

Dias depois, voltou ao local com cacos de azulejo e completou o trabalho. O lagarto ficou anos naquele barranco. Assim como a silhueta de um homem que parecia ter caído de algum lugar. E outras intervenções dessa natureza foram aparecendo nos muros de Salvador. Depois veio a serpente de metal, encomendada por uma agência publicitária para indicar o caminho dos participantes de um evento. Ela foi presa a outro barranco, na subida da Ladeira da Cruz da Redenção (Brotas). Ficou lá anos, até que a corrosão e o risco de que despencasse (a cabeça teria soltado uma vez) fez a prefeitura pedir a remoção da obra.


Bom, se não quiser correr meia cidade para apreciar os trabalhos deste artista que interfere diretamente no cotidiano de Salvador com sua arte, a dica é ir ao Palacete das Artes Rodin Bahia, no bairro da Graça, onde os trabalhos de Bel Borba ficarão expostos até março. A mostra Aqui em 7 elementos acontece no anexo do museu. Diz o artista:

Uma nova matéria prima é sempre um desafio, porque eu não posso ficar indiferente a sua origem ou anatomia, dados que se tornam uma instigante tortura, extraindo dali tudo que eu possa, para sincronizar com a minha iconografia e as asas da minha imaginação


A exposição principal é formada por singulares recriações de pedaços (fragmentos) do antigo estádio da Fonte Nova. O estádio foi implodido para a construção de uma nova arena multiuso, destinada a ser palco dos jogos da Copa do Mundo FIFA 2014 e, se ficar pronta em tempo, da Copa das Confederações 2013.

Voltando à exposição, com o que restou de concreto e ferro retorcido, Borba criou cabeças humanas se beijando (seria referência a O Beijo, de Rodin?), aranhas, bichos estranhos, ou o que a sua imaginação, visitante, quiser ver. No entanto, leia a descrição e saiba o ele que quis dizer com cada obra.


Do lado de fora, três totens (também de fragmentos) indicam o caminho para a exposição, que resultou em um belo catálogo de fotos, à venda na loja do museu. Ele explica, em texto, sua ligação com o antigo estádio.

...onde assisti a seleção brasileira (...) e tudo que passou por lá nos últimos sessenta anos, de bom e de ruim, na alegria e na tristeza, a vibração da plateia deve ter impregnado cada molécula daquele concreto, a matéria tem memória


Depois vá seguindo em direção aos demais trabalhos. Há uma viagem em torno do conjunto artístico de Bel Borba nos últimos anos. Particularmente, gostei da sala do sorriso. Borba compôs um imenso mosaico com seu rosto sorridente, a partir de fotos de outras pessoas também sorrindo. Acredito que seja alusão à sua obra com cacos de cerâmica. Detalhe: sorrisos desdentados. No centro, um molde de dentadura em que parte dos dentes criaram galhos, indica que você se movimente para encaixa-la, de forma visual, ao sorriso de Borba ao fundo. Foi assim que entendi. Claro que tentei fazer uma foto sobrepondo o molde ao sorriso do painel.

Em outra sala, vídeos apresentam o processo de criação das pinturas em azulejos ali expostos. Já os trabalhos feitos a partir de colagens com retalhos de tapetes têm explicação do autor:
Uma das coisas mais inspiradoras da arte contemporânea é a possibilidade de se apropriar de coisas existentes isso, evidentemente, com beneficiamento criativo

Ao sair, verá, ainda, um painel com as fotos das intervenções urbanas de Bel Borba. Dá até pra criar um roteiro no estilo Caminho Niemeyer. A criatividade do artista pede isso. Um dia, eu faço e mostro a vocês.


A exposição Aqui em 7 Elementos fica em cartaz até 23 de março de 2012, no anexo do Palacete das Artes Rodin Bahia, na Rua da Graça, em Salvador. O museu funciona de terça a domingo, das 10 às 18h. Informações e agendamentos pelo telefone (71) 3117-6986.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Que graça!

Depois da intensidade da arte de Rodin, voltemos para ver, através de um passeio por fotos, mais um pouco da igrejinha da Graça. É um ambiente sereno, sombreado por seculares oitis, um lugar de pausa para contemplar, descansar ou simplesmente orar...

Chegamos à Avenida Princesa Leopoldina na parte alta...

...da Praça Dr. Patterson ou Largo da Graça

O destino é a igreja considerada a 1ª da Bahia

O recepcionista Joel recebe turistas e indica o que ver

Suporte de ferro de época para limpar o barro dos pés

A igrejinha ocupou o local onde originalmente Catarina Paraguassu erguera um nicho para a imagem da santa com a qual sonhara

Turistas, como a carioca Renata, se encantam e voltam para ver de novo a beleza do mosteiro...

...e olhar, no altar seiscentista, a imagem histórica, e a história de Paraguassú contada em pinturas no teto

Com sorte, o visitante pode chegar ao belo jardim interno...

...e também admirar a simplicidade elegante da sacristia

A Igreja e Abadia de Nossa Senhora da Graça, subordinada ao Mosteiro de São Bento, de Salvador, de acordo com a descrição à sua entrada, "apresenta forma primitiva de mosteiro beneditino, construído sob planta de Frei Gregório de Magalhães em 1645 e reconstruído no século 18". No entanto, há registros históricos de que no local já havia um oratório datado de 1530. É aberta à visitação. Veja, também, no flickr.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Rodin, aqui vou eu!

Palacete das Artes

Passei uma deliciosa tarde de sol fazendo um roteirinho no bairro da Graça, um dos mais nobres de Salvador. Fica próximo ao Campo Grande e à Barra, ou seja, há atrações de sobra pra quem desembarcar por ali. Como amanheceu com tempo nublado, a ideia era visitar um museu. O escolhido foi o Palacete das Artes Rodin Bahia (Rua da Graça, tel. 71 3117-6986), onde obras originais em gesso do escultor francês Auguste Rodin (1840-1917), considerado um dos maiores artistas do final do século 19, estarão expostas até outubro, quando completa o terceiro ano do comodato entre o governo da Bahia e o Museu Rodin Paris, que cedeu as peças. Se quer ver, se apresse!

A encantadora Igrejinha da Graça faz parte deste roteiro

Ao chegar ao bairro, pela Avenida Princesa Leopoldina, desembarquei bem defronte àquela considerada a primeira igreja do Brasil em homenangem à Virgem Maria. Reserve um tempo e pare aí para conhecer. Vale a pena. Relata o escritor Adelindo Kfoury Silveira no Pequeno Histórico da Igreja de Nossa Senhora da Graça (que pode ser adquirido no local por R$ 5):

O bairro da Graça, considerado como um dos mais importantes logradouros da cidade de Salvador - Capital do Estado da Bahia - nasceu dentro de uma área da Aldeia Tupinambá inicialmente com a denominação de Vila Velha(...)Tem-se referência do surgimento deste templo um nicho em barro construído pela kunhã (esposa) tupinambá de um português chamado Diogo Álvares Correia, que durante a gravidez sonhou com uma linda mulher branca carregando uma criança e pedindo-lhe abrigo

Era a índia Catarina Paraguassú e o nobre, o Caramuru, que naufragara na costa do Rio Vermelho, fora aprisionado pelos índios mas deles tornara-se um líder, brandindo arma de fogo que os nativos não conheciam e passaram a temer, contam os livros de história do Brasil. Há relatos de que o oratório recoberto de palmas, datado de 1530, foi substituído pela atual igrejinha construída em 1557, depois da morte de Caramuru. Consta que o casamento entre Caramuru e Paraguassú foi ali realizado, e em 1586 capela e terras, doadas por Catarina, cujos restos mortais repousam na igreja, ao Mosteiro de São Bento. O mais, você descobrirá no local.

Antes de sair, observe o altar-mor do século 16, a imagem original, os túmulos de Catarina Paragassú e o teto que reproduz em afresco o sonho da índia com a Virgem Maria. A sacristia abriga algumas obras de arte e dá para um belo jardim em forma de claustro. A igreja é sombreada por seculares oitis, em um recanto bonito e agradável.

Do largo da Graça pode ir a pé para o museu

Ao sair, verá a Praça Dr Patterson, adotada pelo Hospital Português, com busto do patrono, embora o lugar seja mais conhecido como Largo da Graça. Daí, caminhe pela Rua da Graça até o Palacete das Artes, que fica bem perto, observando outras antigas residências que ainda resistem à especulação imobiliária. Ao chegar ao Museu Rodin, atravesse a rua e faça logo uma foto da fachada. Respire, entre e comece a se deslumbrar já no jardim. A entrada é gratuita (terça a domingo, das 10 às 18h).

Depois de caminhar na Graça, chegamos ao Rodin Bahia

A antiga Villa Catharino teve como primeiro dono o Comendador Bernardo Martins Catharino e data de 1912. Tornou-se o primeiro imóvel de estilo eclético tombado como Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), por proposta do antropólogo Thales de Azevedo, em 1986. Funcionou como sede da secretaria e dos conselhos de educação e cultura. Eu estava lá, em um dia do ano de 2002, cobrindo a reunião do conselho que aprovou a criação do Museu Rodin e noticiei em primeira mão. O museu seria instituído um ano depois mas as obras do artista só foram trazidas para a Bahia em outubro de 2009, emprestadas do acervo do Rodin de Paris. A exposição consta de 62 esculturas em gesso, inclusive as mais famosas: O Beijo e O Pensador. Pare diante dele (tem um banco pra isso), sente e pense. É uma obra belíssima.

O torso das sombras (1901), do acervo permanente

Fiz logo as fotos externas, porque dentro do museu não é permitido fotografar. Respeite. Há monitores simpáticos, como Dalva Sorriso e Hector, para orientar o seu passeio. Siga sempre pela direita. Com atenção. É uma exposição de surpresas, uma viagem ao tempo da delicadeza...Em todas as salas, nas paredes, há informações e frases de Auguste Rodin. Gostei especialmente destas:

"Por um momento ela parece uma flor: a flexão do torso imita o caule. Por momentos, lembra uma liana flexível. Outras vezes, ainda, é uma urna...O corpo humano é sobretudo o espelho da alma e daí vem a sua maior beleza."


"Não existe receita para embelezar a natureza. Trata-se, tão somente, de vê-la."

Uma sala reproduz o ateliê do artista, e outra, ainda, conta a história do palacete. Observe as fotos da família Catharino no jardim, que ainda hoje preserva algumas características do início do século. Depois, siga para o anexo onde há uma exposição do artista Bel Borba, assunto para o outro post. Passe ainda pela loja do museu, caso queira uma lembrança: catálogos, canecas, ímãs de geladeira, livros e CD's, entre outras. Defronte, há o Café do Solar e seus largos sofás para terminar a visita contemplando a beleza do jardim, tomando um espresso ou um petit gateau. Sinta-se em Paris. Com muito calor baiano. Eu fiz assim!

Um momento de descanso nos largos sofás do café

Ao sair do palacete encontrará outros café, caso queira variar, como o Fran's. Siga caminhando em direção ao Corredor da Vitória, e encontrará lanchonetes (Subway e McDonald's), docerias (Doce Sonhos e Frio Gostoso) e o famoso tabuleiro de Acarajé da Regina no início (ou final, como queira) da Rua da Graça, já próximo ao Largo da Vitória.

Nesta parte do roteiro, começa outro passeio que vai incluir a Igreja de Nossa Senhora da Vitória, e outros três museus (Costa Pinto, de Arte da Bahia e o Geológico, com a história do petróleo, cujo primeiro poço brasileiro fica em Salvador, no bairro do Lobato). Em seguida, sugiro pôr-do-sol no Farol da Barra ou no Solar do Unhão. Isso eu conto como é, depois. Há meios de hospedagens na região: Sol Marina Vitória, Hotel Bahia do Sol e Hotel Vila Velha.

Na loja, foto do jardim do Rodin Paris e lembranças

Nem precisa dizer que aquele nosso tempo nublado, citado no início da matéria, foi embora. Acostume-se com Salvador: o tempo pode parecer feio mas de uma hora para outra o sol reaparece e vai fazer calor. Estamos no verão!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Rodin, aqui vou eu!

homem que anda
Homem que anda sobre a coluna de Auguste Rodin

A escultura está no jardim do Palacete das Artes Rodin Bahia, localizado no bairro da Graça, um dos mais tradicionais de Salvador. Junto com outras três obras em bronze, reproduções do escultor francês Auguste Rodin (1840-1917), foi adquirida pelo governo do estado para o museu que é um dos poucos dedicados ao artista fora da França. Elas integram o ambiente do jardim do antigo Palacete da família Martins Catharino. A residência preserva as características originais de quando a Rua da Graça abrigava as mais requintadas mansões da Bahia antiga. Foi escolhido para sede do museu por ter semelhanças com o Hotel Biron, do século 17, sede do Rodin Paris. Lei mais

Por favor, entre e fique à vontade...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Uma fitinha, uma fitinha...é cortesia!

big bang
Vendedor de fitas na escadaria do Bonfim

Certa vez, já faz bom tempo (ainda bem) uma estilista de outro estado veio à Bahia, a trabalho e, na volta, no ar, criticou o modo de ser e de vestir das mulheres baianas. Muito à vontade, muito chinelo, bermudas, blusas sem manga, barriguinhas de fora (ainda não era comum). Ora, amigos, aqui faz calor, e muito, e, praticamente, o ano inteiro! Mesmo que chova. Não houve, na pessoa, sensibilidade para entrar no clima. "Que deselegante", diria a Sandra! Tudo bem, relevamos: era o trabalho dela!

Ao visitar uma cidade, é fundamental ao turista compreender, antes, o seu povo. Isso é básico, só estou lembrando. E compreender que, como em seus próprios estados, também nos demais lugares do Brasil há carências, há trabalhadores de rua, há pessoas tentando sobreviver. Não vou dizer que a insistência com que alguns ambulantes abordam turistas em busca de vender suas preciosidades em forma de fitinhas, artesanato, fotos ou mesmo arte, seja algo que não incomode mas...dê uma chance, converse. Já pensou que aquele monte de fitas coloridas, tremulando, lhe rendeu uma bela foto de lembrança de viagem?

Fique esperto, claro. Não se distraia com câmera na mão, não ande por lugares ermos, caminhe em grupo, seguindo as normas de segurança para o dia-a-dia, não só em viagens. Mas, em lugar de se aborrecer (você está em férias) com o assédio comercial, divirta-se.

Quando fiz o passeio, turista que me tornei em minha própria cidade por necessidade de sobrevivência, pelo Centro Histórico, por Ondina, pelas praias, me diverti muito vendo e, muito mais, ouvindo. O mestre que jogou aquela conversa antes de oferecer o DVD do jogo de capoeira; as baianas tentando explicar o porquê do turista ter que pagar pelas fotos ao lado delas; a Kátia, personagem super simpática do estande cenográfico do tabuleiro na Praça da Sé; dona Maria Luzia, do acarajé do Belvedere, que aos 74 anos está ali, na luta pela preservação de um patrimônio cultural imaterial brasileiro, ou a simpática baiana Rita, de Ondina (Acarajé da Alaíde, que fica ao lado da igreja, na Avenida Oceânica). Depois de fazer inúmeras perguntas, pedi autorização: "posso te entrevistar?" (que, no meu dicionário de expressões significa: "posso publicar o que você está dizendo?") E ela: "mas você já está me entrevistando!". Risos. Pose para a foto!

Tenho, positivamente, me surpreendido com a acolhida. Ainda mais como jornalista de blog próprio e não, como antes, carregando a grife de jornais ou tevês conhecidos da cidade, como sempre andei nestes 33 anos de jornalismo (30 de colação de grau, comemorados domingo, fazendo reportagem!) Sim, ainda me surpreendo com a acolhida! Surpreenda-se também. E dê uma chance, afinal: "é o nosso trabalho"!

rua Alfredo de Brito
Turistas voltando do Pelourinho (Centro Histórico)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Largo da Palma...


Cenário de livro (Adonias Filho, 1981) e de filme (Dona Flor e Seus Dois Maridos, 1976), o Largo da Palma foi o passeio de hoje, mas só conto amanhã.



Porém, antes, preciso falar sobre o povo de Salvador. Brincalhão, acolhedor, insistente, engraçado, trabalhador, sofrido, mas cheio de vitalidade. Lembro que, certa vez...


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Domingo na praia de Alah a Armação

Jardim de Alah

O passeio do domingo, como adiantei no post anterior, foi entre as praias de Armação e Jardim de Alah, para esmiuçar mais um pouco deste pedaço dos 55 km de litoral de Salvador. São duas praias oceânicas, localizadas entre os bairros da Pituba (sentido centro da cidade) e Boca do Rio (sentido Itapuã). Jardim de Alah é caracterizada pelo bonito coqueiral e o gramado que enche os olhos dos visitantes quando por ali passam em direção ao Centro Histórico. É bem mais bonito ir pela orla.

Queima de fogos no Reveillon e eventos diversos, o Jardim de Alah também é palco de protestos, início de caminhadas em grupo em direção à Itapuã, dos passeios coletivos de bicicleta, entre outros. Tudo começa ali! No nosso passeio registramos a feirinha de adoção de filhotes, organizada por duas ONG's de proteção aos animais, como parte do evento Crueldade Nunca Mais, que aconteceu de forma simultânea em várias cidades brasileiras.


Vamos à história do jardim, contada por Rodrigo, subgerente do Chalezinho. Trata-se de um charmoso restaurante e doceria, todo em madeira, que há 25 anos enfeita a região, localizado bem ao lado do Flat e defronte ao coqueiral. Morava naquele coqueiral, conta Rodrigo, em uma cabana, um muçulmano que realizava todas as suas obrigações religiosas em louvor a Alah (Deus). Daí o povo batizou o lugar com este nome, diz ele. Outra parte da história é que o coqueiral era uma fazenda que foi cortada pela Avenida Otávio Mangabeira. Nos anos 60, o terreno foi desapropriado e passou ao domínio do município.

Alugue uma bike e vá até Itapuã

A vista das duas praias ainda é deslumbrante. Olhe para o lado do mar, por favor. Para experimentá-la sugiro uma boa caminhada, à tarde, pelo calçadão. Ou, um passeio de bicicleta. Elas são encontradas no gramado onde Ed Ferreira estaciona a sua frota de 25 bikes. O passeio custa R$ 10, a hora.

Ondas fortes caracterizam as praias

Se for tomar um banho de mar, todo cuidado é pouco. Armação e Jardim de Alah são praias de ondas fortes. Não é a toa serem duas das preferidas para o surfe. Após a caminhada ou o passeio de bike, experimente uma boa massagem terapêutica (a partir de R$ 30), com um dos cerca de 30 massoterapêutas que se instalam no local.

Uma boa massagem faz bem após a caminhada


Sentar-se, numa tarde, em um dos restaurantes da região é outra opção para apreciar a vista. No Chalezinho (acima), além do almoço e jantar, há opção de doceria e cafeteria. O musse de chocolate é imperdível! Em Armação, destacam-se os famosos Ki-Mukeka e Iemanjá, de comidas típicas baianas, e o Picuí, que tem como carro-chefe a carne-de-sol. No Jardim de Alah, o turista encontra o Vellas Diçar, o Solar do Bacalhau (localizado no Flat que leva o nome da praia), o Bambara, com happy hour para dançar ao som de música ao vivo a partir dos finais de tarde (buffet de frios de cortesia das 19 às 20h30) e o Meu Chapa e sua sequência de camarão. O que é isso? São 7 opções de preparo do crustáceo em um só prato: caldo, encapado, alho e óleo, pastel, coco com tapioca, escondidinho e vinagrete. Já pensou?

Lá no flat tem restaurante português

Vale também ressaltar que, entre os 408 meios de hospedagem de Salvador, alguns estão nesta região. Anote: Hotel Oceânico, Hotel Alah Mar, Sol Plaza Sleep, que serve feijoada (R$ 19,90) às sextas, sábado e domingos, e, ainda, o Hotel Atlântico (tel 71 3343-6166), com pacote de seis noites para o Carnaval 2012.


Cansou? Não? Então anote mais uma: até o próximo domingo ((29 de janeiro de 2012) acontece, em Armação, o evento Verão Coca-Cola. Puxe o fôlego: bungee trampolim, tirolesa, escalada, surfe, diversas competições esportivas, shows de bike e skate, além de muita música. A atração final é o grupo Jammil. Vamos nessa?

O Verão coca-cola pintou a praia de vermelho

domingo, 22 de janeiro de 2012

Praia ou chuva? Deu praia.

deu praia
Domingo de sol e cores improvisadas na orla de Salvador

Praia ou chuva? Quem nunca sofreu ao receber esta pauta, em um plantão de fim-de-semana na redação? Neste domingo, deu praia. Jardim de Alah, na orla marítima. De eventos de proteção aos animais a shows de esportes radicais, surfe e música do Verão Coca-Cola. Daqui a pouco, conto mais...

sábado, 21 de janeiro de 2012

Fui ao tororó achei água e não bebi

gente
Vista do lago com o antigo estádio da Fonte Nova ao fundo
today at Dique do Tororó

"Fui ao tororó beber água e não achei." Os versos da canção de roda tradicional só fizeram sentido mesmo quando vi, pela primeira vez o dique, na infância. Um braço do lago ia dar em terras do meu bisavô, o velho Amintas, já herdadas pelas tias-avós e avó. Pegava girino (larva de sapo) pensando ser peixinho. Nem sabia da imensidão daquele laguinho cheio de peixinhos.

Pois hoje considero que, se tem um lugar gostoso de passear e fotografar em Salvador, este é o Dique do Tororó. O lago, cuja história revela ser obra dos holandeses quando estiveram na Cidade da Bahia no século XVII (fato contestado pelo professor Cid Teixeira), abriga as árvores mais bonitas da cidade. Flamboyants dos anos 60, sugestão de Burle Marx. De igual beleza são as imagens dos orixás, implantadas na Bacia d'Oxum, local de culto e entrega de presentes nas festas do Candomblé. Na madrugada do dia 2 de fevereiro, antes do presente de Iemanjá ser levado ao mar, os pescadores do Rio Vermelho prestam, ali, homenagem à rainha das águas doces.

Nova arena substituirá o ex-estádio da Fonte Nova

O lago (com cerca de 110 mil metros cúbicos) faz limites com os bairros do Tororó (margem esquerda), Engenho Velho de Brotas (margem direita) e Garcia (ao sul). Ao norte fica a futura Arena Fonte Nova (antigo estádio Octávio Mangabeira), atualmente ainda em construção. E duas avenidas contornam suas margens: Presidente Costa e Silva e Vasco da Gama. Suas avenidas convergem para a Avenida Centenário, o Vale dos Barris e a Avenida Mário Leal Ferreira, mais conhecida como Avenida Bonocô.

Fui ao tororó
Infraestrutura: pesca e passeios de barco

Em sua história mais recente, aquele nosso prefeito que criou o Jardim dos Namorados, também tinha planos para a região. A proposta de Antonio Carlos Magalhães era reunir no bairro a sede da prefeitura e secretarias, em um centro administrativo municipal. Os prédios seriam construídos nas reentrâncias dos morros que contornam o lago. Antes de por em prática, foi nomeado governador do Estado e levou o projeto de construir um centro administrativo para a região da Paralela, onde começava a ser implantada a via opcional de ligação do centro da cidade ao aeroporto.

Vista do Dique do Tororó
Orixás e a fonte que pode esguichar água a uma altura de 40m

Voltando ao dique, depois de anos de abandono, a região passou por uma completa recuperação em 1998 (século XX), época em que ganhou as esculturas já transformadas cartão-postal. Em princípio, o escultor Tati Moreno instalou os 12 orixá em torno de um chafariz, no espelho d'água. O povo de santo (Candomblé) protestou, já que os orixás de terra foram colocados em local indevido. O Ministério Público interveio, e os responsáveis pelo parque, administrado pela Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia), mudaram 4 esculturas para a margem. Ficaram na água Iansã, Ogum, Nanã, Oxalá, Xangô, Iemanjá, Oxum e Oxossi.

A visita ao dique previa fotos de muitos ângulos, mas os policiais responsáveis pela segurança advertiram para o fato de não ser recomendável passear só, levando câmera e bolsa, pelas pistas que ficam longe dos locais onde os visitantes se aglomeram. Então, muita atenção durante o seu passeio. Em uma tarde de dia de semana, pessoas aproveitam o parque em caminhadas contornando todo o lago, deitadas na grama, pescando, outras namorando ou olhando o tempo passar. Nos finais de semana e feriados, o parque lota.

Infraestrutura: dois grandes restaurantes

Há dois grandes restaurantes (Porteira e Cheiro de Pizza), duas grandes lanchonetes (Subway e Habbib's), ambulantes que vendem sorvetes, algodão doce e pipoca, e os quiosques. O visitante pode passear de pedalinho (R$ 5) ou pescar (R$ 2, o caniço), desde que devolva os peixes após pegá-los. Não funciona. Frequentadores reclamam que a pesca de lazer está acabando com os peixes do dique.

Dique do Tororó
Tarde de sol: namorar, pescar ou simplesmente descansar

Há parques infantis nas duas margens mais largas, equipamentos para exercícios, escola de remo. Os restaurantes ocupam a margem próxima à futura Arena Fonte Nova, em construção. O Habib's e o Subway foram instalados próximos ao prédio histórico da antiga Usina de Energia da cidade. Além disso, dois barqueiros levam turistas e moradores a passeios pelas águas do dique (R$ 5 por pessoa).

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Prédio histórico da antiga usina enfeita a paisagem

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